segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Os sinais do reino

A presença de Jesus é para nós a presença do Reino de Deus. Esta presença do Reino é tão mais real quanto mais nos abrimos à presença da Palavra em nós. Transformados pelo Amor somos também presença do Reino na Palavra, no Verbo que é acção do Amor em nós, em gestos concretos. Jesus, ao longo do seu caminho vai deixando sinais que nos guiam à presença do reino.

Na Bíblia encontramos alguns desses sinais que devemos pensar e encontrar neles o Verbo; acção para a nossa vida.

Vamos ler e procurar os sinais do reino, em Jesus e depois em nós.

Jo 2, 1-11 - Os noivos de Caná não têm vinho

Jo 4, 46-54 - O filho do funcionário real está doente

Jo 5, 1-9 - Na pescina de Betsaída, um homem espera a cura há 38 anos

Jo 6, 5-14 - A multidão que segue Jesus tem fome

Jo 9, 1-7.35-38 - Um cego de nascença encontra Jesus

Jo 11, 1-3.17-21.32-45 - Lázaro de Betânia adoece e morre

Por vezes somos como os fariseus que mesmo diante do reino continuavam à espera que vosse algo bem diferente daquilo que viam. Eles esperavam um reino concreto e aparatoso. Quando perguntava porque é que do Reino de Deus não se podia dizer "Eis aqui ou eis ali", um de vós me dizia, o Reino de Deus não se vê porque é um reino espiritual. Sim é a comunhão do Amor.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Reino de Deus está entre nós

Amigos, o Reino de Deus está entre nós.

Que quer isto dizer?
De que forma isto se revela em nós no nosso dia-a-dia?
Esta novidade transforma-nos?
Quanto tempo dispensamos para descobrir a presença do Reino entre nós?

Para e lê: Is 60; 61

No livro do profeta Isaias, ele anuncia a Jerusálem, povo de Deus, que está a chegar aquele que é Luz. Anuncia a chegada daquele que hoje conhecemos como Jesus. Anuncia que Jesus vem para iluminar, para guiar Jesusálem. Desde cedo nos habituamos a chamar ao povo de Abraão o povo de Deus. Esse povo a quem Deus viria a prometer uma terra à qual foram levados por Moisés. É a esse povo que que Isaías anuncia a vinda de Jesus. Esse povo do qual também nós fazemos parte. Nesse a quem Isaias chama o ungido de Deus, o enviado de Deus, Isaias coloca toda a esperança. Quando a sua presença se manifestar todos os povos o seguirão e a paz reinará. Ele nos trará a salvação, a presença do Reino de Deus entre nós.

Para e lê: Lc 4

Este Jesus anunciado pelos profetas como Rei nasce na humildade de servo. Este Jesus que crescia em estatura e sabedoria tinha-se revelado no seu crescimento de graça perante os Doutores do Templo. Agora, em plena sinagoga, onde iria habitualmente como qualquer Judeu do seu tempo, revela-se como o ungido de Deus anunciado pelos profetas. Ele ungido, enviado por Deus à humanidade, inicia assim a sua missão. Ele, o próprio Deus encarnado, Deus filho, vem na humildade da nossa condição humana trazer-nos a salvação. Ele, é a presença do Reino, ali, o Deus Amor.

E hoje?

Somos seguidores não de um morto mas de um vivo, de um Jesus ressuscitado que comungamos. Hoje o reino de Deus permanece entre nós quanto mais formos capazes de viver em comunão. Aquela comunhão do Corpo presente no sacrário das igrejas e que nos deve fazer Igreja. Sempre que fazemos esse gesto devemos lembrar-nos de que o Reino de Deus é um Reino de comunhão, de partilha, de vida. Aquela comunhão é aceitação da presença de Cristo em nós, presença que se deve manifestar de forma concreta, em cada dia, com todos os que nos rodeiam.

Precisamos de procurar esta relação com Jesus, na Sua Palavra, na Celebração da Eucaristia que é comunhão e nos ensina à comunhão. Esta comunhão tem que ser partilha do Amor deste Jesus em cada dia com cada pessoa com quem nos cruzamos. Temos que ser este Deus para os outros e reconhecer nos outros a presença de Deus. É assim, com esta presença concreta de Deus em nós que realizamos a promessa do Reino de Deus, hoje, aqui, ainda antes da eternidade que ainda não conseguimos compreender.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Alegrai-vos! Nasceu o Salvador

Para muitos o Natal é uma grande festa. Durante os dias que se aproximam do Natal preparamos a festa. Passamos uma grande azáfama para encher a mesa com tudo de melhor, gastamos mais do que podemos para comprar tudo de bom e do melhor para oferecer, comemos e bebemos numa grande algazarra onde quase ninguém se entende. Todo este tempo é uma grande correria onde pouco tempo sobra para pensar. Aproxima-se o dia de Natal e tudo tem que estar no ponto. O nervosismo aumenta e quase não temos paciência para nos encontrarmos uns com os outros. Mas afinal o que é o Natal? Para muitos um tempo para fazer festa.

O Natal é a celebração da alegria do nascimento de Jesus. Jesus nasceu há mais de dois mil anos, parecemos tolos se celebramos o aniversário de alguém que já morreu à tanto tempo. Além do mais não sabemos bem em que dia nasceu. Assim não faz sentido. Não celebramos um Jesus que morreu mas um Jesus vivo. Mas como pode estar vivo? É certo que ressuscitou, mas como? Onde está?

Só faz sentido celebrar o Natal se celebrarmos o renascimento de Jesus em cada um de nós. É isto que é verdadeiramente difícil ou verdadeiramente fácil. A preparação do nosso Natal tem que ser um Advento de meditação na presença ou ausência de Deus nas nossas vidas. Tem que ser uma preparação de meditação na Palavra que é Deus e na acção que ela nos propõe a cada dia. É uma reflexão sobre quem é este menino que nasce e uma abertura a Ele para que possa habitar, renascer, nos nossos corações. Assim é Natal.

Ele renasce tanto mais quanto mais nos relacionamos com Ele e com os irmãos. Assim podemo-nos encontrar com ele e com os outros na celebração da eucaristia, todos os Domingos. Renasce também quando nos abrimos à partilha da Sua palavra na catequese.

Quem é este homem?

Jesus é verdadeiramente homem como qualquer um de nós. Viveu como nós vivemos menos no pecado. Jesus foi criança e como qualquer criança brincou e foi educado pelos pais. Jesus trabalhou como qualquer homem. Jesus comia, bebia e dormia. Jesus sofria como qualquer homem.

Jesus é Amor e só Amor e toda a sua vida é construção de Amor. Jesus é o Filho de Deus, o próprio Deus encarnado. Jesus é Deus num corpo humano que vem ao mundo trazer-nos o Seu Amor. Jesus é por isso verdadeiro Deus.

O Deus pai relaciona-se com o Filho, envia-lhe o Seu espírito que o fortalece. A esse espírito de Amor relação entre Pai e Filho chamamos Espírito Santo. Este Espírito não é nenhum fantasma, é também ele o próprio Deus que acolhemos em nós e recebemos no dia do nosso baptismo.

A estas três manifestações de Deus, chamamos Santíssima Trindade.

A minha alma glorifica o Senhor

Jesus nasceu porque Maria acolheu o Amor de Deus e aceitou gerar no seu ventre o Filho de Deus. Maria era uma jovem alegre de coração puro. A sua alegria contagiava aqueles que a rodeavam. Maria na sua alegria e generosidade corre a ajudar sua prima Isabel assim que o anjo lhe anuncia que também ela ia ser mãe. Com a alegria de João no seu ventre, também Isabel se alegra com a presença de Jesus no ventre de Maria. Maria sente-se tão alegre com a presença de Jesus e com a alegria que Ele gera que louva a Deus com um cântico que ainda hoje lembramos. O magnificat.

Tu és o meu filho muito amado

João Baptista baptizava em água aqueles que abriam o coração e o seguiam. Aquela água simboliza a pureza, a purificação dos pecados, a abertura do coração.

Quando Jesus estava preparado para começar a anunciar vai ter com João para ser Baptizado. Jesus não precisava de ser Baptizado e João sabia disso. João sabia que Jesus é o Filho de Deus e não queria baptizá-lo. Mas Jesus queria dar um novo significado àquele baptismo. Quando João derramou a água sobre Jesus uma pomba surge no céu e uma voz ouve-se dizendo: - Este é o meu filho muito amado, escutai-o. Sobre Jesus descia o Espírito Santo para que através dele e daquela água também nós recebêssemos o Seu espírito.

Preparai o caminho do Senhor

João Baptista clama no deserto:

Preparai o caminho do Senhor!

João pede-nos para prepara o caminho do Senhor! Este não é um caminho que se prepare alisando um terreno. João pede-nos para aplanar montes e arrasar com vales, pede-nos para endireitar as veredas, usa símbolos que querem dizer muito mais do que aquilo que à partida parecem querer dizer.

Os caminhos difíceis, os montes altos e vales profundos de que João nos fala são os nossos corações. João queria que os corações das pessoas do seu tempo se abrissem para acolher as novidades que Jesus tinha para lhes trazer. Se nos corações abundar o egoísmo, o ódio, a violência, se cada um viver fechado ao relacionamento com o próximo, não consegue ouvir e entender a mensagem de Jesus.

Bendito o Senhor Deus de Israel

Ao longo da História da Salvação Deus anuncia através dos profetas a vinda do messias salvador. Quando estava próxima a vinda do messias, Deus envia o último dos profetas.

Este profeta nasce de Zacarias e Isabel. Zacarias era sacerdote no templo de Jerusalém e Isabel era prima de Maria. Na sua velhice Isabel deu à luz João Baptista, primo de Jesus. Na sua alegria Zacarias agradece ao Senhor com um cântico que ainda hoje lembramos, o Benedictus, que quer dizer bendito. Zacarias bendiz o Senhor por não se esquecer da Sua promessa e dar-lhe um filho.

João Baptista é o último profeta. Ele vem para anunciar a vinda de Jesus que vem criar uma nova aliança com o Seu povo. João é a ponte para esta nova aliança por ser o seu anunciador. Neles se faz a ponte entre o Novo Testamento, que conta a história do povo de Deus antes de Jesus e a história da Nova Aliança, que conta a relação que Jesus criou entre nós e Deus. João prepara o povo para o acolhimento desta nova e definitiva aliança.

Jesus, uma realidade histórica

Jesus é filho de Deus mas não é um ser sem identidade.

Jesus não nasceu em nenhum pais especial para filhos de Deus, nasceu num pais onde habitava um povo que trabalhava como qualquer um de nós.

O povo de Deus foi guiado do Egipto até à Palestina. Foi nesse país, e do meio desse mesmo povo, que Jesus nasceu. Jesus viveu em Nazaré com os pais como qualquer um de nós. Naquele tempo o império romano dominava e governava muitas terras. Foi nesse tempo que Jesus nasceu. O imperador ordenou o registo da população e José teve de partir com Maria para Belém, a terra onde tinha nascido, para se registarem. Maria estava perto do final da gestação de Jesus. Nascia então o menino que trazia consigo a Boa Notícia do Reino de Deus.

História de uma relação contínua...

Durante a História do Povo de Deus, a História da Salvação, Deus constrói uma relação com o Seu povo à qual chamamos aliança. Esta história começa com Abraão, o Pai de todos os crentes. Ele foi o primeiro homem a acolher o Amor de Deus. Foi o primeiro crente, o primeiro homem com fé num Deus único. Nesta relação de Amor Deus promete a Abraão uma descendência, promete a Abraão formar através dele um povo. Abraão acolhe com confiança a missão de passar a sua fé a esse povo. Através dele o povo sente a presença de Deus.

A história leva o povo de Deus ao Egipto onde foi escravizado. Lá eram obrigados a trabalhar para o povo Egípcio que os maltratava. No meio do sofrimento, era para eles, e também para nós, difícil sentir a presença de Deus. Com certeza que a fé de muitos já estava enfraquecia. Deus nunca abandona o Seu povo e chama Moisés para o resgatar do Egipto. Moisés nasceu do povo de Deus, apesar de ter vivido como Egípcio. Ele protegia o Seu povo e por causa disso foi obrigado a fugir do Egipto. Moisés, apesar de não confiar nas suas forças, confia em Deus que o envia ao Egipto para salvar o povo. Moisés, guiado por Deus, conduz o povo até à terra que lhes estava prometida. Também este caminho foi difícil e foram muitos os que vacilaram na sua confiança em Deus e preferiam voltar ao Egipto. Mas Moisés não perde a sua relação com Deus e continua a escutá-lo. Deus ouve as suas orações e envia-lhe a força que necessita para continuar. Deus envia-lhes a água que brota da rocha e o pão do céu que não mata apenas a fome e a sede mas também recupera a confiança do povo.

Deus escolhe para o Seu povo através de Samuel um rei que governe com sabedoria.
Através de profetas como Samuel, Elias e Ezequiel, Deus manifesta-se presente e conduz o povo. Eles anunciam que há-de vir o salvador. A vinda desse salvador, o Messias, Jesus, foi por fim anunciado por João Baptista.

Eis que por fim nos chega o Salvador, Jesus. Ele veio para renovar a aliança de Deus com o Seu povo. Ele é a própria palavra do Deus Pai. Vem estabelecer uma nova relação com o povo onde o Amor se revela para todos. Ele vem realizar no meio dos Homens o Amor que Deus manifestou sempre ao longo de toda a História da Salvação. Veio para que esse amor seja acolhido no coração dos homens e seja partilhado. Se fizermos como Ele nos ensinou seremos sempre sinais da presença de Deus.